Hipertensão Arterial: Fatores de Risco, Diagnóstico e Complicações

Sumário

 

O que é hipertensão arterial (HA) ?

A hipertensão arterial ou pressão alta é uma doença crônica caracterizada por valores elevados e sustentados de pressão arterial (PA) cujos benefícios do tratamento superam os riscos. É uma condição multifatorial e que tem alta prevalência na população. Aproximadamente 90 a 95% dos pacientes com HA são considerados portadores de hipertensão primária ou essencial. Este tipo de hipertensão não tem uma causa tratável, mas pode ser controlada. Já a hipertensão arterial secundária, possui uma causa. Desta maneira, quando se trata a causa cura-se a hipertensão. Porém a HA secundária corresponde à 3 a 5% dos casos de hipertensão. 

Qual a prevalência da hipertensão arterial ?

A prevalência da hipertensão arterial na população varia de 22 a 44%, com mais de 50% entre 60 e 69 anos e 75% acima de 70 anos. 

Quem tem mais risco de desenvolver hipertensão arterial ?

Os fatores de risco para hipertensão arterial são:

  • Idade;
  • Sexo (até os 50 anos de idade é mais comum em homens);
  • Etnia (mais freqüente em afrodescendentes);
  • Consumo de sal;
  • Fatores socioeconômicos (baixa classe social geralmente tem maior consumo de sal);
  • Consumo de álcool;
  • Obesidade (principalmente obesidade central);
  • Sedentarismo (risco 30% maior);
  • Fatores genéticos.

A apnéia obstrutiva do sono é uma causa de hipertensão arterial secundária. A hipertensão secundária é potencialmente reversível quando se corrige sua causa.

Algumas medicações e drogas ilícitas têm potencial de elevar a pressão arterial ou dificultar seu controle. Entre elas, estão: 

  • Inibidores da monoaminaoxidase;
  • Simpatomiméticos, como descongestionantes nasais (fenilefrina);
  • Antidepressivos tricíclicos (imipramina e outros);
  • Hormônios tireoidianos;
  • Contraceptivos orais;
  • Anti-inflamatórios não esteróides;
  • Carbexonolona e liquorice;
  • Glicocorticoides;
  • Ciclosporina;
  • Eritropoietina;
  • Drogas ilícitas (cocaína, cannabis sativa, anfetamina e 3,4-metilenodioximetanfetamina – MDMA).

Como é feito o diagnóstico de hipertensão arterial ?

O diagnóstico de hipertensão arterial é feito quando um paciente apresenta PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. 

A medida da PA deverá ser feita com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes e na ausência de medicação anti-hipertensiva. 

É aconselhável validar tais medidas com a aferição da PA fora do consultório, podendo ser utilizado a monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA), a monitorização residencial da pressão arterial (MRPA) ou a automedida da pressão arterial (AMPA). 

No quadro abaixo, retirado da Diretriz de Hipertensão Arterial de 2020 da Sociedade Brasileira de Cardiologia, segue a classificação da PA medida no consultório a partir de 18 anos de idade. 

Orientações ao paciente para aferição da pressão arterial

  • Sentar-se em um ambiente silencioso por 5 minutos;
  • Não conversar durante a aferição da PA;
  • Não estar com a bexiga cheia;
  • Não praticar exercício físico 60 minutos antes da aferição da PA;
  • Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos;
  • Não fumar nos 30 minutos anteriores à medida da PA; 
  • Evitar roupas que apertem o braço;
  • O manguito deve ser posicionado ao nível do coração;
  • Ficar na posição sentada; 
  • As costas e o antebraço devem estar apoiados e a palma da mão deve estar voltada para cima;
  • As pernas devem estar descruzadas e os pés apoiados no chão.

O que é hipertensão do avental branco ?

A hipertensão do avental branco ocorre quando o paciente apresenta pressão arterial elevada no consultório e valores normais nos demais períodos. A MAPA ou a MRPA podem ajudar a esclarecer este diagnóstico através de medidas de PA fora do consultório. Por exemplo, se a PA no consultório esta alterada (PAS ≥ 140 mmHg e/ou PAD ≥ 90 mmHg) e a MAPA ou MRPA estão normais (PAS ≤ 130 mmHg e/ou PAD ≤  80 mmHg) caracteriza-se a hipertensão do avental branco.

O que é hipertensão mascarada ?

A hipertensão mascarada ocorre quando o paciente apresenta pressão arterial normal no consultório e valores elevados durante suas atividades habituais. A MAPA ou a MRPA podem ajudar a esclarecer este diagnóstico através de medidas de PA fora do consultório. Por exemplo, se a PA no consultório não está alterada (PAS ≤ 140 mmHg e/ou PAD ≤ 90 mmHg) e a MAPA ou MRPA estão alterados (PAS ≥ 130 mmHg e/ou PAD ≥  80 mmHg) caracteriza-se a hipertensão mascarada.

Esta condição merece ser avaliada principalmente em pacientes com lesões de órgão-alvo e que apresentam pressão arterial normal no consultório. São exemplos de lesões de órgão-alvo: infarto do miocárdio, acidente vascular encefálico, insuficiência renal, doença arterial obstrutiva periférica, dentre outras lesões que podem ser secundárias à hipertensão arterial. 

Por que a hipertensão é chamada de assassina silenciosa ?

A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, ou seja, provoca lesões nos órgãos sem causar sintomas. A conseqüência disso é que seu diagnóstico pode ser feito tardiamente, muitas vezes em vigência de uma complicação. Por exemplo, o paciente sofre um infarto agudo do miocárdio precisando de internação hospitalar e nesta ocasião descobre ser hipertenso. Antes da internação ele não media a pressão com a justificativa de que não estava sentindo nada. Se tivesse feito um check-up poderia ter feito o diagnostico e controle da hipertensão arterial dentre outras comorbidades e o infarto poderia ter sido evitado. 

Outra conseqüência é que uma doença assintomática, como a hipertensão, dificulta a adesão do paciente ao tratamento. Desta maneira, muitos pacientes não controlam a pressão arterial adequadamente, novamente com a justificativa de que não estão sentindo nada. Assim a hipertensão arterial lesa os órgãos silenciosamente, o que contribui para aumento da mortalidade. Daí a denominação, assassina silenciosa. 

Quais os riscos da hipertensão arterial ?

As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte, hospitalizações e atendimentos ambulatoriais em todo o mundo, inclusive em países em desenvolvimento como o Brasil. Em 2017, dados do Datasus mostraram que a hipertensão arterial estava associada à 45% das mortes cardíacas (doença arterial coronariana e insuficiência cardíaca) e à 51% das mortes por doença cerebrovascular.

A hipertensão arterial mata mais por suas lesões em orgãos-alvo. Exemplos de lesões em órgãos-alvo causadas pela hipertensão arterial:

  • Acidente vascular encefálico (AVE);
  • Doença cardíaca coronária ou infarto do miocárdio;
  • Insuficiência cardíaca;
  • Insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada;
  • Cardiomiopatia hipertensiva;
  • Fibrilação atrial;
  • Cardiopatia valvar;
  • Síndromes aórticas;
  • Doença arterial periférica;
  • Doença renal crônica; 
  • Demências;
  • Diabetes melito;
  • Disfunção erétil. 

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O médico especialista em hipertensão arterial é o cardiologista.

Dr. Lucas é cardiologista e atende rotineiramente pacientes com pressão alta em seu consultório em Cambuí – MG.


Dr. Lucas apresenta formação e experiência profissional de excelência. Fez residência médica no Instituto Dante Pazzanese em São Paulo – hospital que é referência mundial em cardiologia. Não só possui título de especialista como também ficou entre os primeiros colocados dentre todos os cardiologistas do Brasil no ano em que prestou a prova. Trabalhou ao longo de anos em hospitais de referência em São Paulo.

Fonte:

1 - https://abccardiol.org/article/diretrizes-brasileiras-de-hipertensao-arterial-2020/

2 - SANTOS, Eduardo Cavalcanti Lapa. Cardiologia: CardioPapers / Eduardo Cavalcanti Lapa Santos, Fábio Mastrocola, Fernando Côrtes Remisio Figuinha. – 2. ed. – Rio de Janeiro: Atheneu, 2019.

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